ruas inclinadas, cheias de silêncio apenas interrompido pelo barulho frenético das televisões que transmitem incansavelmente os jogos de futebol. são portas muito velhas, sem campainhas. tocamos e ficamos mais ou menos sete segundos à espera que surja alguém do outro lado para dizer sim, não, sim, sim, não. Numa das casas, mesmo a meio da rua do Rui aparece uma senhora de 82 anos quase feitos, se chegar lá, como fez questão de dizer. há-de chegar com certeza, dissemos nós quase em uníssono. tinha uns olhos cansados mas vivos, e o cabelo gasto pelo tempo. De repente quase nos contava toda a sua vida. falou-nos dos mais ínfimos pormenores, talvez aqueles que a magoaram mais durante todo este tempo - mudei-me para aqui quando a minha filha decidiu experimentar casar, não o deveria ter feito, mas todas queremos um dia passar por isso, não é?.

se calhar queremos mesmo.

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