já sinto saudades da luz intensa, de subir as ruas inclinadas que me deixavam sempre, sempre, sem fôlego. já tenho saudades da praça do Giraldo onde marcávamos encontros, dos cafés no Arcada, no Cup, saudades dos pombos apressados, da rua que ligava a minha casa ao Pingo Doce, essa mesma rua que percorri a soluçar quando me morreste. Morro de saudades de girar a chave na fechadura da casa enorme que foi minha, da cozinha de porta fechada em que fumámos muitos cigarros a três, do quarto lá ao fundo em que chorei nas primeiras noites, e nas últimas também. Vivo de saudades das gargalhadas nas noites frias e nas noites encaloradas de Évora, das suas ruas desertas e silenciosas, de atravessar a última passadeira sempre carregada de rolos de papel, dos olhos azuis da Teresa, da doçura da Sofia, dos fumos da Mary e da gritaria do Rui. Saudades da imponência dos claustros e dos seus pilares que perceberam as minhas angústias, as minhas tristezas, as minhas frustrações, as minhas desilusões e as minhas esperanças... também. Saudades dos lanches no bar escondido, onde roubámos postais e comemos iogurtes, onde desenhámos as casas dos nossos sonhos. Vou sentir falta da lentidão das horas marcadas pela sé, e ao mesmo tempo tão rápidas e ofegantes. Quase que choro.

1 comentário:

Meghy disse...

Não consegui controlar a curiosidade... [confesso que nem tentei] e vim espreitar o teu blog... não sei como me encontraste, mas ainda bem, neste segundo primeiro dia de trabalho, soube bem a doce personalidade das tuas imagens, soube bem saber que há mais alguém a amar oeiras [sente-se assim uma espécie de harmonia, de cumplicidade com alguém desconhecido]... Um must add aos favoritos. Vou andar por aí...
Bj*

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