fui ver Blindness. Foi muito difícil chegar lá, mas valeu a pena todos os mal-entendidos. Escolhi um lugar aleatório, depositei a mala na cadeira do lado esquerdo e despi o casaco cuidadosamente, que depois permaneceu algum tempo no colo. Entrelacei as mãos uma na outra e chamei-me todos os nomes possíveis e imaginários, por ter permitido que os primeiros 15 minutos do filme tivessem sido perdidos - inqualificável. Depois tentei envolver-me cuidadosamente no enredo. A parte que mais gostei foi aquela em que a música protagonizou o papel principal, e em que surgiu uma frase que eu guardei 'A alegria e a tristeza não são como o azeite e a água. Elas coexistem'.
É uma história lógica. Tem o final que eu imaginei. Quando terminou, fiquei até todas as letras desaparecerem (se calhar para compensar os primeiros minutos perdidos), e pensei em ti.

De regresso a casa, desci as escadas lentamente, admirei o caos da cidade e absorvi o frio, aconcheguei as mãos nos bolsos, e tive a certeza que não era, de longe, a pessoa mais feliz do mundo. Que não era, de longe, a pessoa mais especial. Que não era, de longe, a pessoa com mais sorte. Verifiquei que não é assim tão fácil sustentar os sonhos realizados.

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